Muitas dúvidas se colocam aos utilizadores da língua portuguesa e nem sempre é fácil encontrar a resposta. É neste contexto que o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa se afirma, no panorama da lusofonia, como um projeto singular que oferece um serviço universal e gratuito. Disponibilizando um Consultório na sua plataforma, permite a qualquer utilizador da internet a possibilidade de colocar as suas dúvidas. As questões são enviadas para uma equipa de especialistas, que procura responder de forma rápida e esclarecedora, e as perguntas/respostas, selecionadas entre as que são total ou parcialmente novas relativamente às já existentes em arquivo, são divulgadas no portal do Ciberdúvidas. Esta dinâmica permite a outros utilizadores realizarem pesquisas no arquivo no sentido de poderem conhecer os esclarecimentos dados a dúvidas similares às que possam ter. Para além desta função mais utilitária, o Ciberdúvidas assume-se também como um espaço de reflexão ancorado na norma da língua portuguesa, aconselhando os utilizadores, refletindo sobre usos invulgares que têm lugar, por exemplo, na comunicação social, partilhando crónicas e artigos relacionados com a língua portuguesa ou publicando artigos dos seus colaboradores, escritos para divulgação na plataforma. Toda esta ação se distribui, para além do consultório, por 13 rubricas que, considerando a língua portuguesa nas suas múltiplas dimensões, tratam a atualidade, divulgam publicações, problematizam maus usos da língua e acompanham a reflexão linguística no espaço lusófono.
Com 21 anos feitos, o Ciberdúvidas foi criado a 15 de janeiro de 1997 pelos jornalistas João Carreira Bom (falecido em 2002) e José Mário Costa (atual proprietário e coordenador editorial), em colaboração com José Manuel Matias. A equipa restrita é ainda composta por Carlos Rocha (coordenador executivo), Carla Marques (consultora permanente), Olímpio Marques (colaborador permanente) e Rui Gouveia (responsável pela revisão).
A importância do Ciberdúvidas no espaço da lusofonia e o interesse que a sua atividade desperta em utilizadores de todo o mundo ficam bem patentes no impressionante número de visitas que o portal recebe: 1,3 milhões de acessos mensais e cerca de 350 000 acessos semanais. A origem destes acessos é também elucidativa quanto à amplitude da ação desenvolvida em prol da língua portuguesa: 72% de sessões iniciadas no Brasil, 20% em Portugal, 2% em Angola, 2% em Moçambique e 1% nos EUA. Igualmente, as questões colocadas no consultório chegam de todo o mundo lusófono, sendo de realçar a presença de Brasil, Angola, Moçambique e Cabo Verde, para além de Portugal, naturalmente. A diversidade fica ainda manifesta nas áreas de atividade dos consulentes do Ciberdúvidas: publicitários, informáticos, economistas, médicos, arquitetos, juristas, profissionais da comunicação social, e professores e alunos de todos os níveis de ensino.
Em contexto escolar, o Ciberdúvidas pode também funcionar como um auxiliar no esclarecimento de dúvidas, na partilha de reflexões ou na promoção da análise de casos problemáticos.
O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa tem, ao longo dos seus 21 anos, crescido e assumido a sua responsabilidade como um espaço de serviço público, reconhecido e apoiado por um número sempre crescente de utilizadores. Falta-lhe apenas um reconhecimento oficial, que já peca por tardio.
Carla Marques Doutorada em Língua Portuguesa (com uma dissertação na área do estudo do texto argumentativo oral); investigadora do CELGA-ILTEC (grupo de trabalho "Discurso Académico e Práticas Discursivas"); autora de manuais escolares e de gramáticas escolares (Edições ASA-LeYa); formadora de professores; professora dos ensinos básico e secundário; consultora permanente do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.