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Falar em público: cinco erros a evitar




Falar em público é para muitas pessoas sinónimo de ansiedade. A pressão que a situação traz ao indivíduo que tem de se expor publicamente desencadeia receios vários e conhecidos. Inúmeras “catástrofes” são antecipadas pela imaginação traiçoeira do candidato a orador: esquecer o texto na totalidade ou em parte; hesitar e não conseguir continuar; enganar-se e apresentar ideias completamente erradas e tolas; ficar com a voz a tremer ou perder completamente a voz; ver tudo nublado ou deixar de ver completamente; cair em palco ou perder os sentidos...

Muitos destes medos (mais ou menos surreais) são vivenciados intensamente por quem não tem experiência no domínio das apresentações públicas e/ou por quem não aprendeu técnicas básicas de expressão oral. Neste campo, a ideia central que convém reter é a seguinte: falar em público não é uma competência inata, aprende-se!

Uma das formas mais eficazes de garantir o sucesso quando se fala em público passa pelo investimento na preparação. A segurança conquista-se, em boa medida, antes do evento, e pode ser condição decisiva para uma boa apresentação. É importante que aquele que irá falar em público não esqueça que uma boa planificação não passa apenas pelo texto (como comummente se crê). Com efeito, a preparação de uma apresentação oral é uma atividade complexa e exigente que vai além do domínio verbal, porque envolve também o domínio não verbal, ou seja, o corpo e a voz, que têm também de ser capacitados.
Antes de falar em público, e enquanto planifica e antecipa, o orador tem de ter em mente cinco erros a evitar. Passemo-los em revista:

1.º Desistir
Este é o erro mais grave e mais cruel para o próprio orador. Embora pareça a atitude mais fácil e aquela que poderá salvar de um embaraço em grande escala, acaba por ser imensamente penalizadora pela frustração que traz e pelo sentimento de fracasso.
Não desista antes de sequer ter começado e jamais em cima do acontecimento!

2.º Apresentar gestos, movimentos, olhar e voz desadequados
O corpo deve estar em harmonia com o discurso, o mesmo se diga dos gestos e do olhar. Tudo tem de ser adequado ao relacionamento que se quer criar com o público, ao tema e ao tom adotado para o apresentar. Os movimentos dissonantes, as “bengalas” gestuais e o olhar assustado ou fugidio são aspetos de que o orador deve tomar consciência no sentido de os controlar e evitar. A voz tem de introduzir colorido no texto e estar em harmonia com os outros elementos.
O não verbal comunica tanto quanto o verbal (ou mais). Não o descuide!

3.º Falar de improviso ou ler um texto escrito
Por um lado, apresentar um texto cujo conteúdo não se preparou previamente é um risco enorme. A seleção de ideias, a sua organização, a escolha da melhor estratégia para as verbalizar são aspetos fundamentais para assegurar a boa divulgação das ideias e a sua compreensão por parte do público. Por outro lado, escrever um texto e optar simplesmente pela sua leitura, assumindo que esta atitude corresponde a falar em público, raramente surte os efeitos pretendidos, sobretudo se o orador for inexperiente. A leitura tende a ser monótona e pouco expressiva, o que leva o público a “desligar” e a não acompanhar o conteúdo do texto.
As ideias são a chave de uma apresentação. Não as prejudique!

4.º Desrespeitar o tempo
O auditório está preparado para ouvir o orador durante um determinado tempo, previamente definido ou medido pelo bom senso. Falar para além dessa medida é perigoso porque pode implicar a irritação ou a distração do público, levando inclusive ao esquecimento do que ficou dito.
Falar durante mais tempo não é falar melhor!

5.º Recorrer a bordões linguísticos e apresentar um texto com erros de construção
A roupagem que se dá ao discurso leva o público a formular juízos de valor sobre o orador e, consequentemente, sobre aquilo que ele diz, e determina a credibilidade que se atribui à mensagem. Um discurso repetitivo e pouco cuidado transmite uma imagem negativa e pode levar o público a decidir não prestar atenção ao que é dito por considerar que o orador não merece tal consideração.
A correção linguística é condição de sucesso!

Evitar estes cinco erros é o primeiro passo a dar para assegurar uma apresentação oral de sucesso. O segundo passo, que será apresentado em breve, está relacionado com os cinco aspetos que não se podem descurar numa apresentação oral.



 
Carla Marques
Doutorada em Língua Portuguesa (com uma dissertação na área do estudo do texto argumentativo oral); investigadora do CELGA-ILTEC (grupo de trabalho "Discurso Académico e Práticas Discursivas"); autora de manuais escolares e de gramáticas escolares (Edições ASA-LeYa); formadora de professores; professora dos ensinos básico e secundário; consultora permanente do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.


 
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